24 de dezembro de 2015


suave na nave

la plata - arg

feliz ano novo


26 de novembro de 2015

#meuamigosecreto se sabe machista, se solidariza com a causa, tenta ser melhor, mais humano, mas as vezes se surpreende com as nuances do egoísmo que está misturado a isso tudo e com o quao arraigado o machismo está em nós homens e mulheres. Saber-se monstro as vezes doi mas nao se compara a dor da opressao diária que sofrem as mulheres. É preciso estar atento aos sinais e em vigília também diária.  

8 de novembro de 2015

Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
o leito se sabe leito daquele
fluxo líquido inserido no chão.
eu poderia chorar de coisas assim:
corre um rio de minha boca corre um rio de 
minhas mãos.
dos meus olhos corre um rio.

na verdade sofro de excessos, que me dão
certo vocabulário
como derramar, escorrer, atravessar.
tenho a impressão de que tudo vaza em 
sobras.
tenho dificuldade em caber.

pra caber mais derramo por nada derramo
sem motivo.
vou acalmar meus excessos pensei
ministrando doses diárias de barcos 
ancorados ao sol, 
rodeados por pequenos pássaros em busca
de restos de peixe.

águas se lançando sobre as pedras e um 
vento que parece vivo,
como se tivesse a intenção de as vezes
fazer agrados
em minha pele.

viviane mosé, rios

18 de outubro de 2015

"Erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com sua história.
Que usa a espontaneidade pra ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos.
Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo com leveza, erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo.
Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores."
(Adelia Prado)

11 de outubro de 2015



trilha sonora do domingo noite feriado

9 de outubro de 2015


fotograma de Chantal Akerman
rest in peace

24 de setembro de 2015

hoje fiz 31 anos


me sinto muito feliz, seja lá o que quer dizer isso.

abençoado pela vida. não tenho nada a reclamar.

depois da morte a segunda certeza é de que o tempo vai passar.

comemoremos um ano novinho para gozar.

16 de setembro de 2015

quero fotografar só aquilo que me toca
o que me cala
à força
o que não posso forçar

nada me irrita mais que ser obrigado a tirar uma foto 
además do falso desfoque

canto somente o que não pode mais se calar
tudo o que não posso cegar

no momento do clique não se vê

fecha o obturador

momentos desimportantes
coisas menores

um filme analógico
a espera 
meses
a decepção do negativo
a surpresa do acaso 
do erro
e dos processos

o esquecimento

um novo filme
várias cameras carregadas
latentes de imagens
potentes
cegas e sem tampa
resistentes
a areia àgua e maresia

olho sereno
a prata
o veneno
de se revelar

celebrai o que está fora 
a foto não tirada
o que sobra da obra
tudo aquilo que não se pode registrar


11 de setembro de 2015

9 de setembro de 2015

30 de agosto de 2015

26 de agosto de 2015

a felicidade é triste

1. Analgésico: Se está menstruando e tem dor, masturba-te; se te dói a cabeça ou as costas, masturba-te.
2. Relaxante: Se estás ansiosa ou tensa, masturba-te; se estás com insônia, masturba-te.
3. Melhora o sistema músculo esquelético: Se estás praticando autodefesa feminista e quer tonificar os braços, masturba-te.
4. Celebração e folia: Se estás feliz e quer celebrar com suas companheiras, masturba-te.
5. Fluidez de movimento: Se estás fazendo aula de dança e um passo não sai bem, masturba-te e tenta de novo.
6. Reforço na tomada de decisão: Se você planeja deixar seu namorado e partir em uma viagem com uma garota que conheceu na semana passada, mas não sabe como dizer, masturba-te. O orgasmo auto-gestionado lhe dará a coragem.
6. Concentração: Se está escrevendo um artigo, um status no facebook ou o roteiro para um programa de rádio e sente que não está com concentração ou criatividade o suficiente para concluí-lo, masturba-te e as ideias chegarão com o orgasmo.
djavan - faltando um pedaço

21 de agosto de 2015

prefiro viver hoje

prefiro morrer amanhã

13 de agosto de 2015

luiza e seu vestido na soleira

3 de agosto de 2015


Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro - e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.

Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir. Dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons deixam a vontade impossível de morar neles; se maus, fica a suspeita de sinistros augúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. Muitos vídeos, de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzsche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos.

Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente agosto. Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos - ou precauções - úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia, categoria originalidade… Esquecê-lo tão completamente quanto possível (santo zap!): FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.

Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu - sem o menor pudor, invente um.Pode ser Natália Lage, Antônio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún, ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à luz da lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.
Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se ou lamuriar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques - tudo isso ajuda a atravessar agosto. Controlar o excesso de informação para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas - coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo; evasão, escapismos. Assumidos, explícitos.

Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter demais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco:.
Caio Fernando Abreu

31 de julho de 2015

16 de julho de 2015

Navegar é Preciso

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

Fernando Pessoa

29 de junho de 2015

A palavra coragem é muito interessante. Ela vem da raiz latina cor, que significa "coração". Portanto, ser corajoso significa viver com o coração. 
... 
É viver na insegurança, é viver no amor e confiar, é enfrentar o desconhecido. É deixar o passado para trás e deixar o futuro ser. Coragem é seguir trilhas perigosas. A vida é perigosa. 
...
A pessoa que está viva, realmente viva, sempre enfrentará o desconhecido. O perigo está presente, mas ela assumirá o risco. O coração está sempre pronto para enfrentar riscos; o coração é um jogador. A cabeça é um homem de negócios. Ela sempre calcula, ela é astuta. O coração nunca calcula nada.

Osho

25 de junho de 2015

Nha cretcheu, meu amor, O nosso encontro vai tornar a nossa vida mais bonita por mais trinta anos. Pela minha parte, volto mais novo e cheio de força. Eu gostava de te oferecer 100.000 cigarros, uma dúzia de vestidos daqueles mais modernos, um automóvel, uma casinha de lava que tu tanto querias, um ramalhete de flores de quatro tostões. Mas antes de todas as coisas bebe uma garrafa de vinho do bom, e pensa em mim. Aqui o trabalho nunca pára. Agora somos mais de cem. Anteontem, no meu aniversário foi altura de um longo pensamento para ti. A carta que te levaram chegou bem? Não tive resposta tua. Fico à espera. Todos os dias, todos os minutos, aprendo umas palavras novas, bonitas, só para nós dois. Mesmo assim à nossa medida, como um pijama de seda fina. Não queres? Só te posso chegar uma carta por mês. Ainda sempre nada da tua mão. Fica para a próxima. Às vezes tenho medo de construir essas paredes. Eu com a picareta e o cimento. E tu, com o teu silêncio. Uma vala tão funda que te empurra para um longo esquecimento. Até dói cá ver estas coisas mas que não queria ver. O teu cabelo tão lindo cai-me das mãos como erva seca. Às vezes perco as forças e julgo que vou esquecer-me. 
Ventura e Pedro Costa, "com três ou quatro coisinhas de Robert Desnos", para o filme "Juventude em Marcha", de Pedro Costa

18 de maio de 2015

"A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil. Ela espalhou por nossas vastas solidões uma grande suavidade; seu contato foi a primeira forma que recebeu a natureza virgem do país e foi a que ele guardou; ela povoou-o como se fosse uma religião natural e viva, com os seus mitos, suas legendas, seus encantamentos; insuflou-lhe sua alma infantil, suas tristezas sem pesar, suas lágrimas sem amargor, seu silêncio sem concentração, suas alegrias sem causa, sua felicidade sem dia seguinte... É ela o suspiro indefinível que exalam ao luar as nossas noites do norte." 
Joaquim Nabuco

10 de maio de 2015

MAPA
Me colaram no tempo, me puseram
uma alma viva e um corpo desconjuntado. Estou
limitado ao norte pelos sentidos, ao sul pelo medo,
a leste pelo Apóstolo São Paulo, a oeste pela minha educação.
Me vejo numa nebulosa, rodando, sou um fluido,
depois chego à consciência da terra, ando como os outros,
me pregam numa cruz, numa única vida.
Colégio. Indignado, me chamam pelo número, detesto a hierarquia.
Me puseram o rótulo de homem, vou rindo, vou andando, aos solavancos.
Danço. Rio e choro, estou aqui, estou ali, desarticulado,
gosto de todos, não gosto de ninguém, batalho com os espíritos do ar,
alguém da terra me faz sinais, não sei mais o que é o bem
nem o mal.
Minha cabeça voou acima da baía, estou suspenso, angustiado, no éter,
tonto de vidas, de cheiros, de movimentos, de pensamentos,
não acredito em nenhuma técnica.
Estou com os meus antepassados, me balanço em arenas espanholas,
é por isso que saio às vezes pra rua combatendo personagens imaginários,
depois estou com os meus tios doidos, às gargalhadas,
na fazenda do interior, olhando os girassóis do jardim.
Estou no outro lado do mundo, daqui a cem anos, levantando populações…
Me desespero porque não posso estar presente a todos os atos da vida.
Onde esconder minha cara? O mundo samba na minha cabeça.
Triângulos, estrelas, noites, mulheres andando,
presságios brotando no ar, diversos pesos e movimentos me chamam a atenção,
o mundo vai mudar a cara,
a morte revelará o sentido verdadeiro das coisas.Andarei no ar.
Estarei em todos os nascimentos e em todas as agonias,
me aninharei nos recantos do corpo da noiva,
na cabeça dos artistas doentes, dos revolucionários.
Tudo transparecerá:
vulcões de ódio, explosões de amor, outras caras aparecerão na terra,
o vento que vem da eternidade suspenderá os passos,
dançarei na luz dos relâmpagos, beijarei sete mulheres,
vibrarei nos cangerês do mar, abraçarei as almas no ar,
me insinuarei nos quatro cantos do mundo.
Almas desesperadas eu vos amo. Almas insatisfeitas, ardentes.
Detesto os que se tapeiam,
os que brincam de cabra-cega com a vida, os homens “práticos”…
Viva São Francisco e vários suicidas e amantes suicidas,
os soldados que perderam a batalha, as mães bem mães,
as fêmeas bem fêmeas, os doidos bem doidos.
Vivam os transfigurados, ou porque eram perfeitos ou porque jejuavam muito…
viva eu, que inauguro no mundo o estado de bagunça transcendente.
Sou a presa do homem que fui há vinte anos passados,
dos amores raros que tive,
vida de planos ardentes, desertos vibrando sob os dedos do amor,
tudo é ritmo do cérebro do poeta. Não me inscrevo em nenhuma teoria,
estou no ar,
na alma dos criminosos, dos amantes desesperados,
no meu quarto modesto da praia de Botafogo,
no pensamento dos homens que movem o mundo,
nem triste nem alegre, chama com dois olhos andando,
sempre
em transformação.
Murilo Mendes

7 de maio de 2015

o amor é irmão do vento.

28 de abril de 2015

"O que não me mata, me deixa mais estranho."

23 de abril de 2015


“Para dores de amor, nada melhor do que leite de magnésia(…). Na maior parte das vezes, os chamados males de amor, etcétera, são distúrbios digestivos, feijões duros que não digerem, peixe estragado, entupimento. Um bom purgante fulmina a loucura do amor.”

do livro “Tia Julia e o Escrevinhador”, de Mario Vargas Llosa

13 de abril de 2015

Al fin y al cabo, somos lo que hacemos para cambiar lo que somos. La identidad no es una pieza de museo, quietecita en la vitrina, sino la siempre asombrosa síntesis de las contradicciones nuestras de cada día.En esa fe, fugitiva, creo.
—  Libro de los abrazos - Eduardo Galeano

7 de abril de 2015

Outono
Se deu sábado pra sexta
Depois da chuva
Vento forte
Outono
Súbito o ar se personificou
A janela bateu
Pé frio
Outono
A lembrança das folhas no chão
A vontade de agasalho
Uma taça de vinho
Outono
Mais uma vez eu estava surpreso
O último tinha sido em março
Sensação de volta
Outono
Nada de cores vivas na rua
Começa o recolhimento
Água quente, chá
Outono
Que tempo cíclico é você?
Desde quando vindo?
Onde é o corte?
Outono
Há quem sem querer não te note
Enquanto não se esgote
Molda-me
Outono
Entre o conforto e o abandono
Massa sem medida
Nuvem amena
Outono

rafael fares

5 de abril de 2015

"Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E embaixo, o pensamento: Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista."

Mestre Pastinha - 05/04/1889 a 13/11/1981

4 de abril de 2015

ontem bateu aqui em casa uma pesquisadora e respondi a dezenas de perguntas sobre o consumo de carne bovina em plena sexta-feira da paixão. será um sinal de que devo virar vegetariano?

3 de abril de 2015



ótimo esse filme que vi hoje no cine humberto mauro. mods, roqueiros the who e anfetaminas

31 de março de 2015

ESTATUTO DO HOMEM
(Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony
Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
o uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.
Thiago de Mello
Santiago do Chile, abril de 1964

27 de março de 2015

Não posso oferecer nada além de tudo que eu possa oferecer.

23 de março de 2015




por um cinema mais humano
sábio colega

17 de março de 2015

22 de janeiro de 2015

https://www.youtube.com/watch?x-yt-ts=1421782837&x-yt-cl=84359240&v=uHUaT2iQ29M

nesse clipe atuei como operador de stadicam

19 de janeiro de 2015

12 de janeiro de 2015

Manifesto Farofa

"A praça é do povo, como o céu é do condor"
Castro Alves

Venho através deste manifesto manifestar.
Há poucos dias, a praia, em forma de Praia da Estação, chegou a Belo Horizonte na Praça da Estação e de uma maneira surpreendente nem todos ficaram contentes. Viva a praia, a praia é de todos!
Viva a praia que nasceu de forma espontânea(ou, digamos, natural) repudiando o decreto que proíbe eventos de qualquer natureza na praça pública da estação. Abaixo a genialidade da prefeitura em conservar a praça, vazia.
Viva a tradicional família mineira! É importante lembrarmos que a praça em questão, a Praça da Estação, teve sua reforma realizada com o apoio, ou melhor com o dinheiro de uma família tradicional mineira.
Viva a visão além do alcance. Uma das integrantes da tal família, uma senhorita, em seu depoimento sobre o fechamento da tal praça afirma que concorda com o fechamento porque vê de seu camarote a depredação da praça, por exemplo, um homem fazendo xixi num monumento. Viva o camarote, os palácios e os feudos!
Saudemos os camarotes nas praças do centro de Belo Horizonte que dão ampla visão aos nossos aristocartas. Coisa chique. Salva de palmas para ela!
Uma aristocrata que se preza tem que ter um camarote e ser muito observadora. Ver os mínimos detalhes.
Senhoras Chiques, gostaria de convidá-las para Paris Plage, a praia feita em plena Paris em frente a prefeitura durante o verão.
Viva a Paris Plage francesa, lá todos os civilizados se sentem a vontade de curtir uma praia em plena praça. Viva o museu do Louvre e o museu de Artes e Ofícios na Praia da Estação!
Lá sim as pessoas são educadas o bastante e não fariam xixi na praça. Mas aqui não. Aqui é um país que não tem verão. Abaixo ao verão e ao efeito estufa!
Quer dizer, pode até ter no Rio de Janeiro ou na Bahia, Belo Horizonte não. Aqui temos hábitos mais moderados, realmente não gostamos de festa. Viva o come quieto! Viva o pão de queijo!
Quanto a depredação, o xixi na rua, vale cantarmos nossa Olinda. "Olinda quero cantar". Em Olinda e em Recife, desfilam milhões de pessoas. Olinda é considerada toda ela, e não só a praça, um patrimônio. Viva o carnaval, a tropicália e Dionísio na pessoa de Zé Celso Martinês!!
E onde será que as pessoas fazem xixi em Olinda? Porque será que todas elas voltam no ano seguinte? Como a cidade não veio a baixo, ou flutuou no mijo alheio? São perguntar que não querem calar.
Agora, todos que estiveram lá garantem: a festa é linda e talvez seja a maior manifestação popular do mundo. Em Belo Horizonte, o que fazem as pessoas? E a prefeitura dita popular? Abaixo as festas populares!
Nesses dias de praia da estação escutei muito que as pessoas que lá estão são farofeiras. Qual é o problema que as pessoas têm com a farofa?
Viva a Farofa, ela é uma delícia, assim como a praia.
Farofa prato brasileiro feito com farinha de mandioca, planta sagrada para nossos indígenas.
Viva a comida prática e fácil de comer com a mão. Será que os aristocratas belorizontinos topariam?
Viva o encontro dos chiques brasileiros com os indígenas e com a farofa. Que todos tenham um objeto indígena interessante na sala de estar, para quando vier um amigo estrangeiro. Viva os povos indígenas brasileiros, a vida a céu aberto e a antropofagia!
Abaixo a melancolia, viva a praia da alegria. Momento único para minha câmeraeye.
Viva as pessoas de todas as idades e espécies numa comunhão praiana. Sou praieiro, sou guerreiro, sou farofeiro, sou brasileiro!
Viva o encontro de pessoas e o desfrutar de uma tarde de sol comendo farofa caseira e com a mão, elas são infindas!
Lutemos por nossos direitos, mas de forma alegre e festiva. Abram alas para a realização dos sonhos, exóticos, paradisíacos e o melhor, que não estejam perdidos no passado. Viva a farofa nossa de cada dia!
Ao invés de proibir, oxalá que nossa prefeitura "compre" a idéia dando estrutura para o evento. Colocando, porque não, banheiros públicos para que as pessoas não necessitem do chão.
Que venham todas as Renatas, as Leilas, as Solanges e Angelas. Mesmo que elas estejam em seus camarotes!
Que elas acenem para o povo, como se estivessem no Copacabana Palace e todos esperassem pela Madona. Viva a cultura Pop e nossos ídolos.
Vivas as prefeituras tem um pé também na Europa, ou outra visão ilusionista qualquer. Que elas comam farofa com a mão, andem descalças, ou simplesmente tomem um banho de mangueira num quintal onde não há um rio ou uma praia potável. Viva os franciscanos e as carmelitas descalças.
Viva uma Belo Horizonte francesa desde a fundação, porém com a mesma rebeldia de quem um dia já cortou a cabeças de seus reis. Viva maio de 68, Viva todas as revoluções!!!