30 de julho de 2016

https://www.letras.mus.br/dominguinhos/770284/

para os domingos o remédio é dominguinhos
"Para nós o trabalho somente não basta; nós sabemos penar, mas o sonho maior dos meus pais sempre foi um soberbo descanso"

na pagina de luiz felipe flores
misturar os movimentos. estar indo para mais de um lado de cada vez. pontos colaterais. hoje eu vi a minha cidade com outros olhos. como sei fosse a primeira vez. eu vi dois sóis brilhantes no céu. o brilho do nosso sol daqui no inverno e a opacidade do fim de tarde. eu vi as moças na rua e na sorveteria. é preciso conhecer outras cidades pra poder enxergar a sua. com seus defeitos e potências. com seus odores e disparidades. pelos cantos e bordas. serra castanheira taquaril. centro baixo e sapucaí. leste a sete e o oeste selvagem. aqui me encontro me busco e me entronco. fito um bueiro e seus inquilinos roedores. olho nos olhos do morador de rua e divido com ele o cigarro e os trocados. me emociono com a música que fazem aqui homens e mulheres. cidade canção. uma mensagem e um modo de fixá-la em melodias meandrosas de sopros cordas vozes e tambores.



28 de julho de 2016

Carnaval
O carnaval socializa o folião,
que depois volta ao individualismo descontente.
- Carlos Drummond de Andrade, In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.

Conselho
Pedimos conselho para nos certificarmos de que
devemos agir em sentido contrário.

- Carlos Drummond de Andrade, In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.

Geografia
A aula de geografia devia ser dada em viagem permanente.
- Carlos Drummond de Andrade, In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.

Homem
O homem engana a si mesmo muito melhor do que aos outros.
- Carlos Drummond de Andrade, In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.


24 de julho de 2016

memória insuficiente

respiro sigo     el amor ardiente

17 de julho de 2016

a linha    a lenha
o fogo    o tempo
o presente   o fio
a pipa   o vento

sobe embrulha tece roga viaja voa sopra treme
chega leva abre escuta canta cura firma o leme
corta e liga o fio a emenda
a fita o arame o filtro a fenda

fase neutro instala gira
tampa torce acende estaca

Encontro às vezes, na confusão vulgar das minhas gavetas literárias, papéis escritos por mim há dez anos, há quinze anos, há mais anos talvez. E muitos deles me parecem de um estranho; desreconheço-me neles. Houve quem os escrevesse, e fui eu. Senti-os eu, mas foi como em outra vida, de que houvesse agora despertado como de um sono
alheio.
É freqüente eu encontrar coisas escritas por mim quando ainda muito jovem — trechos dos dezessete anos, trechos dos vinte anos. E alguns têm um poder de expressão que me não lembro de poder ter tido nessa altura da vida. Há em certas frases, em vários períodos, de coisas escritas a poucos passos da minha adolescência, que me parecem produto de tal qual sou agora, educado por anos e por coisas. Reconheço que sou o mesmo que era. E, tendo sentido que estou hoje num progresso grande do que fui, pergunto onde está o progresso se então era o mesmo que hoje sou.
Há nisto um mistério que me desvirtua e me oprime. Ainda há dias sofri uma impressão espantosa com um breve escrito do meu passado. Lembro-me perfeitamente de que o meu escrúpulo, pelo menos relativo, pela linguagem data de há poucos anos. Encontrei numa gaveta um escrito meu, muito mais antigo, em que esse mesmo escrúpulo estava
fortemente acentuado. Não me compreendi no passado positivamente. Como avancei para o que já era? Como me conheci hoje o que me desconheci ontem? E tudo se me confunde num labirinto onde, comigo, me extravio de mim.
Devaneio com o pensamento, e estou certo que isto que escrevo, já o escrevi. Recordo. E pergunto ao que em mim
presume do ser se não haverá no platonismo das sensações outra anamnese mais inclinada, outra recordação de uma
vida anterior que seja apenas desta vida…
Meu Deus, meu Deus, a quem assisto? Quantos sou? Quem é eu? O que é este intervalo que há entre mim e mim?
Afinal deste dia fica o que de ontem ficou e ficará de amanhã: a ânsia insaciável e inúmera de ser sempre o mesmo
e outro.
Do “Livro do Desassossego”

13 de julho de 2016

“Impuro e desfigurante é o olhar da vontade. Só quando nada cobiçamos, só quando o nosso olhar nada mais é senão pura observação, é que a alma das coisas, a sua beleza, se nos revela.”

R.B.

9 de julho de 2016

eu



              imagino


                                   você


com as cores

que mais gosto



pinto

revelo

escrevo

imprimo

animo

curo






8 de julho de 2016

<> Ter a ponta do lápis feita, começar-se pelo meio – pegar a frase em pleno voo, aprender com os pássaros, talvez.

J.P.



5 de julho de 2016


http://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/04/politica/1467642464_246482.html

2 de julho de 2016

"A moça e o moço, quando entre si, passavam-se um embebido olhar, diferente do dos outros; e radiava ém ambos um modo igual, parecido. Eles olhavam um para o outro como os passarinhos ouvidos de repente a cantar, as árvores pé-ante-pé, as nuvens desconcertadas: como do assoprado das cinzas a esplendição das brasas."

1 de julho de 2016


foi a luiza que fez


la plata - AR - 2016