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O chakra do coração é o cerne da
receptividade e da aceitação. Um dos benefícios de mergulhar nas
meditações que envolvem esse chakra é a possibilidade ou mesmo a
facilidade de tornar-se uma pessoa cada vez mais receptiva. A palavra
receptividade vem de recipiere – receber, acolher. Com esse
chakra desenvolvido, revela-se uma capacidade natural de acolher toda
sorte de contrariedades e você se sente emocionalmente acolhido pelo
mundo. Quando harmonizado ele lhe dá a sensação de pertencer ao lugar
onde você está pisando, ser amparado por uma “atmosfera espiritual” e
“sustentado” pela força que organiza o Universo. O chakra do coração
saudável leva você a acolher o outro e esse é um dos segredos da
felicidade por ele gerada. Ele produz um vívido senso de companheirismo e
sentimento de cumplicidade pelo próximo.
O seu quarto chakra é hospitaleiro também
com você mesmo, nele você encontra o seu “lar”. Osho diz em seus
discursos: “lar é onde o coração está”. Você se sente em casa quando o
coração está presente. Na verdade, você se sente em casa “dentro” do seu
coração, quando aprende a habitar o chakra cardíaco; quando passa a
aceitar a infinita hospitalidade que ele tem em relação a você, a
infinita hospitalidade que você carrega no centro do peito. Quando
aprende a abrir mão da mente para confiar na hospitalidade do coração.
Para conhecer a meditação precisamos, mesmo que por momentos, abrir mão
de nossas mentes, mas não o fazemos por medo da morte, pressupondo que
ficar sem pensar é perder o controle e que isso significaria a morte. E
este medo da morte está ligado ao medo de ficar sozinho. Porém, você
nunca irá se sentir sozinho se conhecer com intimidade seu chakra do
coração. Em lugar de se sentir sozinho, irá sentir-se consigo mesmo, e
integrado a todo o universo. Se você se sente sozinho, na verdade, é por
estar afastado do seu quarto chakra.
O chakra do coração é um “telefone
desocupado”. A mente é um telefone sempre ocupado. Há uma história
tradicional sufi que fala do discípulo que foi reclamar com o mestre:
“Mestre, eu tenho tentado de tantas maneiras, mas não consigo falar com
Deus, como fazer?”, é quando o Mestre vira-se e sentencia: “em vez de me
pedir o telefone de Deus, seria melhor você desocupar o seu telefone,
pois Ele tenta ligar para você insistentemente, mas encontra sempre sua
linha ocupada”. A mente é um telefone sempre ocupado. O coração é como
um poderoso PABX para onde podem ligar 300 pessoas, sempre haverá uma
linha disponível para acolher a quem chega.
A aceitação do chakra do coração não deve
ser confundida com passividade. Ela é pura afabilidade, é uma capacidade
de atender ao que vem do lado de fora, enquanto a passividade é
resistir ao que vem de fora. A passividade é a habilidade de evitar
estímulos enquanto a aceitação do quarto chakra é uma resposta plena e
completa do estímulo que chega a você.
O acolhimento do quarto chakra começa por
agasalhar a própria pessoa, o dono do chakra. Começa por abrigá-lo e
ampará-lo. O primeiro a poder se refugiar em seu quarto chakra é você
mesmo; ele lhe dá a capacidade de acolher ao outro sem que você perca o
seu centro. Basta que você se lembre de que também pode se acolher nele.
Quando você entra em meditação está
entrando no caminho do desconhecido; se você está buscando a meditação,
está buscando algo que desconhece e não uma confirmação daquilo que
conhece e, para que você possa entrar plenamente em uma área
desconhecida, é melhor ter a aceitação e a confiança que esse chakra
proporciona. A espiritualidade é algo que não se pode enxergar com os
olhos costumeiros. É necessário estar receptivo para poder entrar em
contato direto com ela; na verdade, é ela quem se contata com o seu ser,
da forma e na medida em que é possível, na medida em que você permite.
Esse é o sentido da aceitação e da receptividade para a experiência
espiritual. A busca da espiritualidade consciente talvez dependa muito
mais de uma atitude receptiva do que ativa. Meditação é, no fundo, a
arte de saber aceitar integralmente. A realização espiritual já está
aqui o tempo todo, não precisa ser buscada, mas “recebida”.
Meditação é entrar em contato com uma
“contra-parte” sua. Essa “contra-parte” está sempre observando e
testemunhando o que se passa, o que acontece com a sua “parte
consciente”. Na meditação você tem a atitude de testemunhar a si mesmo,
para entrar em sintonia com esta “contra-parte”. Para a meditação
acontecer, é necessário ir aos poucos se tornando receptivo, e desta
maneira estabelecer o contato com essa consciência que já existe em
você.
E para você chegar aí e poder contar com a
receptividade necessária, o caminho mais simples e curto é abrir, limpar
e vitalizar o chakra do coração. A receptividade deste chakra é a mais
democrática; ela está ao alcance de qualquer ser humano, por mais
simples ou complexo que seja. Incluindo, é claro, eu e você.