8 de dezembro de 2018

16 de novembro de 2018

Tornando as coisas claras

Válido durante várias semanas : Durante este trânsito talvez prefira guardar para si as suas opiniões e nada dizer aos outros, mesmo quando deveria. Mas, ao mesmo tempo, talvez esteja mais do que nunca em contato com o lado oculto de sua personalidade, suas pulsões e compulsões inconscientes. O primeiro desses dois efeitos pode ser indesejável ou inadequado, mas a capacidade de chegar às áreas ocultas de seu caráter pode ser bastante proveitosa. O problema aqui é que você pode achar que os outros usarão tudo que disser contra você. E isso realmente pode acontecer, principalmente se suas palavras forem motivadas por interesses mesquinhos e egoístas. Mas é mais provável que seja usado contra você aquilo que não disser. Por conseguinte, é fundamental dizer tudo que precisa ser dito.



hoje vesti uma camiseta do meu pai e só mais tarde fui ver que era dele. senti meu corpo e o dele dentro da camisa. a admiração e as questões que nos separam. o abismo da ignorância. o muro que nos separa do outro. um muro especular.  dói ver como somos diferentes e tão parecidos. 


10 de novembro de 2018



https://www.contioutra.com/minha-avo-dizia-que-quando-uma-mulher-se-sentisse-triste-o-melhor-que-podia-fazer-era-entrancar-o-seu-cabelo/

8 de novembro de 2018

7 de novembro de 2018

http://quincaza-blog.tumblr.com/

um blog de imagens porém abandonado de luisa loes
há tantos nós

tantos quantos são os nomes de nós

quantos nós existem?

para prender a carga é necessário nós

para tensionar é preciso um nó

um laço

os melhores prendem mas são fáceis de desatar


o nó cego trava

mas não solta mais


sejamos firmes

porém  desatáveis

5 de outubro de 2018

3 de outubro de 2018

os monstros do espelho



o paraiso é qualquer lugar que se tem saudade.

douglas Din - hakili

1 de outubro de 2018



DEMO REEL - BERNARD MACHADO


Video-clipe que fotografei a convite e com o Pablo Lobato. ô sorte.

30 de setembro de 2018

26 de setembro de 2018

21 de setembro de 2018


17 DECRETOS DE AKROMA
De agora em diante os textos serão pessoais e poéticos.

4 - Decreto viver na insegurança e na confiança.
Não quero me arriscar atoa, me arriscarei somente pelo amor. O amor não é somente a tranquilidade, o amor é pura ação e insegurança. Jalal ad-Din Muhammad Rumi escreveu em um de seus poemas ''
Aquele eu nunca matou por amor já está morto '' Não me refiro aqui para você sair com uma metralhadora matando as pessoas, você pode matar a fome e a sede daqueles que sofrem, matar seus vícios com a alma do amor que nasce do desejo da transformação e compaixão pelos seres humanos. Você será ajudado quando começar ajudar, essa é a essência da transformação. 
 

12 - Decreto sobre os amores do passado
Quem tem amor no coração não vive no passado, quem ama realmente da liberdade e sente prazer em ver a ex-namorada ou até mesmo o ex-namorado feliz. Não fique triste se a sua ex-namorada está namorando outro cara, porque isso é o melhor exemplo que você deve seguir adiante. Quando você esquece realmente alguém se lembrará de você para uma noite de nupcias. A fidelidade está em extinção, sempre que o traidor trai sua namorada quando ela larga dele ela acaba descobrindo vários relatos mais cedo ou mais tarde. Não confunda o amor com uma detenção, não permaneça preso a ninguém. Porque isso é amor á liberdade á felicidade. Tudo é passageiro, nada é para sempre. Ame e deixe ir. Se você for um desesperado nunca terá coragem de viver as loucas aventuras que estão reservadas para você. Se eu fosse um doutor lhe receitaria a ousadia e indicaria a farmácia mais próxima de você. Pelo amor vale a pena se arriscar, porque o amor irá libertá-lo.



13 - Decreto saudade
Saudade é a alma costurada descosturando-se do amado. A saudade não tem nada a ver com o ciúmes. O ciúmes muitas vezes é abstinência corporal, quando o ciúmes é obsessivo é um amor doentio e carnal puramente tóxico. O ciúmes lhe da coragem de matar , o ciúmes obsessivo enlouquece os ignorantes. A saudade que nasce do amor faz você sentir-se acolhido pela alma amada a longa distancia. Não há fronteiras que o poder do amor possa atravessar. A saudade nunca machuca e causa desconforto emocional. A saudade é a certeza que o amado está em segurança porque a verdadeira saudade envolve confiança.

20 de setembro de 2018

Hoje a minha cadela Preta morreu.

Eu ganhei a Preta da Isadora. Eu queria uma cachorra grande pra tomar conta da casa e ela parecia um rotweiler quando filhote. A mae era vira lata e a Preta nunca cresceu muito. Ela tinha muita fome e depois que foi castrada engordou muito e a saúde dela ficou debilitada.há uns 3 meses a gente tava fazendo varios tratamentos com veterinarios diferentes mas ninguem descobriu o que ela tinha.

A nossa relação foi um pouco turbulenta. ela era uma cadela diferente. Não vinha quando eu chamava. Eu cuidei bem dela. Tentei "educar". As vezes ela fugia e só voltava no outro dia. Até aí tudo bem . mas o que me deixava puto era andar atrás dela na rua e ela fugir de mim. Acho que fui muito duro com ela algumas vezes. Peço desculpas Preta.

Talvez eu tenha a amado esperando algo em troca... sua lealdade... e ela tinha suas próprias vontades e desejos.

Quando eu saí do quilombo e fui morar na serra eu deixei ela com meu pai. Ele amou ela de um jeito mais paterno que o meu. Aceitava ela, fazia seus caprichos e mimava. Eu tentava zelar pela educação, não deixava subir no sofá e ele liberou tudo. Acho que ela foi muito feliz nesse tempo.


Acho que tem muitas coisas pra eu aprender com a Preta. Sou muito grato.  Vai com Deus. Fica em paz Pretinha



17 de setembro de 2018


Amigos, o corpo é um grande systema de razão. Por detraz de nossos pensamentos acha-se um Sr. poderoso, um sábio desconhecido. Corrijo-me as realidades, pela inversão natural da ordem lógica, transformando o passado em futuro.
Mestre Pastinha 




Certa vez, um velho capoeirista conhecido pelo primeiro nome, Geraldo assim sem alcunhas, títulos ou patentes —, afirmou que a Capoeira Angola é um “jogo de verdade e de mentira, de vida e de morte e que, justamente por isso, dá acesso ao espírito”




13 de setembro de 2018

NÃO POSSO ADIAR O AMOR

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração

António Ramos Rosa

roubei do luis flores

24 de agosto de 2018



Ontem a Laura Catarina lançou seu disco Amor em si. Serzinho de luz muito maravilhosa. Leva consigo a herança de seu pai Wander Lee. Foi bonito de ver, de emocionar.

22 de agosto de 2018

19 de agosto de 2018

One does not become enlightened by imagining figures of light but by making the darkness conscious” – Carl Jung

17 de agosto de 2018

http://ventosdepaz.blogspot.com/2015/03/principios-de-mudanca-de-vida-jeff.html

Kali

Além de ser considerada uma Deusa da destruição, a Deusa Kali também é vista fortemente como uma Deusa do renascimento. De alguma forma é ela quem começa o movimento da roda do tempo universal. Tudo precisa ser destruído para poder recomeçar.

11 de julho de 2018

3 de julho de 2018

22 de junho de 2018

21 de junho de 2018

Tempo

BELEZA E MORTE
Eternidade não é o tempo sem fim. Tempo sem fim é insuportável. Já imaginaram uma música sem fim, um beijo sem fim, um livro sem fim? Tudo o que é belo tem de terminar. Tudo o que é belo tem de morrer. Beleza e morte andam sempre de mãos dadas. Eternidade é o tempo completo, esse tempo do qual a gente diz: “valeu a pena”. Não é preciso evolução, não é preciso transformação: o tempo é completo e a felicidade é total.
O TEMPO
Há duas formas de marcar o tempo. Uma delas foi inventada por homens que amam a precisão dos números, matemáticos, astrônomos, cientistas, técnicos. Para marcar o tempo de forma precisa, eles fabricaram ampulhetas, relógios, cronômetros, calendários. Nesses artefatos técnicos, todos os pedaços do tempo – segundos, minutos, dias, anos – são feitos de uma mesma substância: números, entidades matemáticas. Não há inícios nem fins, apenas a indiferente sucessão de momentos, que nada dizem sobre alegrias e sofrimentos. Apenas um bolso vazio. Nele, a alma não encontra morada.
Nas Olimpíadas, a performance dos corredores e nadadores é medida até os centésimos. Fico a me perguntar: “Como é que conseguem? Que diferença faz?”.
A outra foi inventada por homens que sabem que a vida não pode ser medida com calendários e relógios. A vida só pode ser marcada com a vida. Os amantes do Cântico dos Cânticos marcavam o tempo do amor pelos frutos maduros que pendiam das árvores. Quando as folhas dos plátanos ficam amarelas sabemos que o outono chegou. Os ipês-rosas e amarelos anunciam o inverno.
Qual a magia que informa os ipês, todos eles, em lugares muito diferentes, que é hora de perder as folhas e florescer? E sem misturar as cores. Primeiro os rosas, depois os amarelos e, finalmente, os brancos.
Sugeri que algum compositor compusesse uma sinfonia ou uma brincadeira musical em três movimentos. Primeiro movimento, “Ipê-rosa”, andante tranquilo, em que os violoncelos cantam a paz e a segurança. Segundo movimento, “Ipê-amarelo”, rondo vivace, em que os metais, cores parecidas com a dos ipês, fazem soar a exuberância da vida. Terceiro movimento, “Ipê-branco”, moderato, em que o veludo dos oboés cantam a mansidão. Seria bom se nós, como os ipês, nos abríssemos para o amor no inverno.
A precisão dos números marca o tempo das máquinas e do dinheiro. O tempo do amor se marca com o corpo.
Um calendário é coisa precisa: anos, meses, dias, horas, que são marcados com números.
Esses números medem o tempo. Mas os pedaços de tempo são bolsos vazios: nada há dentro deles. O bolso vazio do tempo se torna parte do nosso corpo quando o enchemos com vida. Aí o tempo não mais pode ser representado por números. O tempo aparece como um fruto que vai sendo comido: é belo, é colorido, é perfumado. E, à medida que vai sendo comido, vai acabando. Vem a tristeza. O tempo da vida se marca por alegrias e tristezas. Há inícios e há fins.
Tempus fugit; o tempo foge. Portanto, carpe diem: colha o dia como um fruto que amanhã estará podre.
Viver ao ritmo de alegrias e tristezas é ser sábio. “Sapio”, no latim, quer dizer, “eu saboreio”.
O sábio é um degustador da vida. A vida não é para ser medida. Ela é para ser saboreada.
Um texto bíblico diz: “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos um coração sábio”. Acho que Jesus sorriria se eu acrescentasse ao “Pai-Nosso” outra súplica: “A fruta nossa de cada dia dá-nos hoje…”. Caqui, pitanga, morango à beira do abismo, melancia… Heráclito foi um filósofo grego fascinado pelo tempo. Contemplava o rio e via que tudo é rio.
Percebeu que não é possível entrar duas vezes no mesmo rio; na segunda vez, as águas serão outras, o primeiro rio já não existirá. Tudo é água que flui: as montanhas, as casas, as pedras, as árvores, os animais, os filhos, o corpo… Assim é tudo, assim é a vida: tempo que flui sem parar. Daquilo que ele supostamente escreveu, restam apenas fragmentos enigmáticos. Dentre eles, um me encanta: “Tempo é criança brincando, jogando; da criança o reinado”.
Para nós, o tempo é um velho, cada vez mais velho, sobre quem se acumulam os anos que passam e de quem a vida foge. Heráclito, ao contrário, diz que o tempo é criança, início permanente, movimento circular, o fim que volta sempre ao início, fonte de juventude eterna, possibilidade de novo começos.
Tempo é criança? O que o filósofo queria dizer exatamente eu não sei. Mas sei que as crianças odeiam Chronos, o deus dos cronômetros, dos segundos, dos centésimos de segundos O relógio é o tempo do dever: corpo engaiolado.

MOMENTOS EFÊMEROS
Aí, de repente, os meus olhos se abriram, e vi como nunca havia visto. Senti que o tempo é apenas um fio. Nesse fio vão sendo enfiadas todas as experiências de beleza e de amor por que passamos. Aquilo que a memória amou fica eterno. Um pôr do sol, uma carta que recebemos de um amigo, os campos de capim-gordura brilhando ao sol nascente, o cheiro do jasmim, um único olhar de uma pessoa amada, a sopa borbulhante sobre o fogão de lenha, as árvores de outono, o banho de cachoeira, mãos que se seguram, o abraço de um filho: houve muitos momentos de tanta beleza em minha vida que eu disse para mim mesmo: “Valeu a pena eu haver vivido toda a minha vida só para poder ter vivido esse momento. Há momentos efêmeros que justificam toda uma vida”.
Rubem Alves, “Do Universo à Jabuticaba”. (crônicas). São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010

30 de maio de 2018

29 de abril de 2018

Você ja foi até  o Rio Negro, não?
Tem que ir.  Tem que ir.

Eu um negro nessa cidade portuaria

Nas aguas do rio negro me reconheço. Eu sou da cor do rio.
Do rio negro.

Eu um negro

Aqui não tem muitos negros.
Na equipe do filme sou o único negro.

A luz quando entra no rio negro acende nas entranhas o vermelho.

Eu preto e vermelho.

Eu um negro

11 de abril de 2018

6 de abril de 2018

28 de março de 2018

Só o amor vê beleza no silêncio das pausas.

milena torres

24 de março de 2018

23 de março de 2018



hoje acordei com o Emílio.

22 de março de 2018

https://www.portalraizes.com/amarreconhecernecessidade/#

21 de março de 2018

Não se desconstrói um homem

Nunca houveram desconstruídos

Um homem só pode vir abaixo a golpes

Assim como a casa que só se entrega pela força da demolição

tijolo a tijolo

Quero ser um homem em demolição

Ruir

Trincar

Cair pra só então poder me levantar

Edificar

Separo no entulho algo que presta
Que não se quebrou

Tijolo a tijolo

Com as próprias mãos




9 de março de 2018

https://youtu.be/bHXaoonjmfI

Z C

5 de março de 2018

Na beira do rio senti saudades de minha mãe. Senti saudades da mulher em mim. Da minha mulher.

Chorei. e sentado na beira meu choro virou correnteza e foi lavando

Obrigado força feminina. Mãe.

23 de fevereiro de 2018

https://www.instagram.com/carlota_guerrero/

26 de janeiro de 2018

Ocupação Principal Filmador(a) independente Atividade Principal (CNAE) 74.20-0/04 - Filmagem de festas e eventos Ocupações Secundárias Atividades Secundárias (CNAE) Locador(a) de outras máquinas e equipamentos comerciais e industriais não especificados anteriormente, sem operador, independente 77.39-0/99 - Aluguel de outras máquinas e equipamentos comerciais e industriais não especificados anteriormente, sem operador Bikeboy (ciclista mensageiro) independente 53.20-2/02 - Serviços de entrega rápida Cantor(a)/músico(a) independente 90.01-9/02 - Produção musical Disc jockey (dj) ou video jockey (vj) independente 90.01-9/06 - Atividades de sonorização e de iluminação Editor(a) de vídeo, independente 59.12-0/99 - Atividades de pós-produção cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão não especificadas anteriormente Fotógrafo(a) independente 74.20-0/01 - Atividades de produção de fotografias, exceto aérea e submarina Instrutor(a) de arte e cultura em geral, independente 85.92-9/99 - Ensino de arte e cultura não especificado anteriormente Eletricista em residências e estabelecimentos comerciais, independente 43.21-5/00 - Instalação e manutenção elétrica Instrutor(a) de música, 85.92-9/03 - Ensino de música independente Proprietário(a) de camping independente 55.90-6/02 - Campings Transportador(a) municipal de cargas não perigosas(carreto), independente 49.30-2/01 - Transporte rodoviário de carga, exceto produtos perigosos e mudanças, municipal

minha vida mei

22 de janeiro de 2018




Hoje tirei para ouvir o primeiro disco do graveola

foi bom lembrar daquele tempo entre amigos filmando tocando e descobrindo a vida com meus queridos amirros.

hoje estamos um pouco dispersos mas ainda muito juntos. vocês vivem em mim.

Do disco essa canção me bateu mais forte.

uma composição de luiz e zé cada um fez uma parte. por isso dois lados. uma bela canção.


21 de janeiro de 2018

sinto saudades de um amigo que não tive a oportunidade de conhecer de perto

saudades da vida

como a sensação de pensar que realmente se vai morrer. deixar a vida à força de uma doença


saudade de mim

de alguém

de ligar no fixo e falar por horas


saudade d'um carinho

de uma amigue do peito por perto

e de canção



tristeza e beleza

dormir com um barulho desses

a morte inesperada de uma pessoa próxima é a morte de cada um de nós


aproveito o embalo dessa partida

pra derramar outras tristezas

nessa noite de lua nova


anoiteço em meu lugar

ouço as músicas do flávio henrique

faço seu itinerário


um compositor nunca morre


19 de janeiro de 2018

18 de janeiro de 2018






Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

(Carlos Drummond de Andrade)

extraído da página de Carla Maia na ocasião da morte de Flávio Henrique.
Um poema para o dia de hoje, em que há tantos de luto:

15 de janeiro de 2018

8 de janeiro de 2018

NO REINO DA POESIA
(inspirado por Carlos Drummond de Andrade)

Não escreva poemas
sobre você mesmo.
Não chame atenção
para as suas revelações
nem faça confissões.
Mesmo se a intenção
for expiar dor,
superar culpa,
acalmar sua
compreensível raiva,
não exume
o luto da sua mãe,
o tormento sexual do seu irmão,
a ladroagem da sua irmã,
o ódio de seu pai por ele mesmo,
o fortuito mapa astral do seu padrasto.
Sentimentos não são poemas.
Parentes deveriam ser deixados
em seus habitats naturais,
na sarjeta
ou ao lado do caixa.
Não escreva poemas
sobre os outros.
Deixe maridos de fora,
divorciadas, alcoólatras,
adolescentes pustulentos, enfermeiras.
Já existe um excesso
de roteiros enfadonhos.
Esqueça os amigos
e inimigos,
bodas
e momentos especiais.
Alguém que trabalha com cartões comemorativos
já contemplou estes tópicos.
Não escreva sobre
manchetes internacionais,
a criança que desapareceu
e seus restos mortais,
a praia em fogo
e a página engolida,
o quinquagésimo
discurso do presidente.
Seja lá o que aconteceu
não foi um poema.
Não tente mostrar
o quão sensível você é.
Outros já alegaram
serem plantas.
Não é necessário mostrar
o quão insensível você é
já que isto é um fato
indiscutível.
Não escreva poemas
ligando
um evento corriqueiro
em sua vida
— fazer a barba, arrumar o sutiã, andar de metrô,
admirar um por do sol particularmente pitoresco —
a um momento significativo da história
— pogrom, fome, exílio e assassinato —
ou a um mito — estupro, ciúmes, ou rejeição —
na verdade a qualquer coisa que tenha um tema.
Poemas não são papers
apresentados em congressos.
Não cante as alegrias da cidade
ou liste as virtudes da vida rural.
Não mencione cisnes,
mortadela, olhos ressecados,
ou filósofos de uma orelha só.
Piqueniques e pinturas não são poemas.
Não lance mão de dramas
ou mentiras.
Não utilize seus desejos
como um ponto de partida.
Segredos devem ser
deixados onde estão.
Não fique de pé
em um teatro em chamas
e declare
“ninguém dá ouvidos à poesia”.
Não escreva poemas
sobre como poetas
ganham mal.
Jogue fora
suas memórias,
enterre seus espelhos.
- - - - - - -
de “Sotto Voce e outros poemas”, de John Yau, em tradução de Marcelo F. Lotufo, publicado pelas edições Jabuticaba.