21 de agosto de 2015

prefiro viver hoje

prefiro morrer amanhã

13 de agosto de 2015

luiza e seu vestido na soleira

3 de agosto de 2015


Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro - e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.

Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir. Dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons deixam a vontade impossível de morar neles; se maus, fica a suspeita de sinistros augúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. Muitos vídeos, de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzsche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos.

Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente agosto. Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos - ou precauções - úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia, categoria originalidade… Esquecê-lo tão completamente quanto possível (santo zap!): FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.

Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu - sem o menor pudor, invente um.Pode ser Natália Lage, Antônio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún, ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à luz da lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.
Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se ou lamuriar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques - tudo isso ajuda a atravessar agosto. Controlar o excesso de informação para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas - coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo; evasão, escapismos. Assumidos, explícitos.

Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter demais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco:.
Caio Fernando Abreu

31 de julho de 2015

16 de julho de 2015

Navegar é Preciso

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

Fernando Pessoa

29 de junho de 2015

A palavra coragem é muito interessante. Ela vem da raiz latina cor, que significa "coração". Portanto, ser corajoso significa viver com o coração. 
... 
É viver na insegurança, é viver no amor e confiar, é enfrentar o desconhecido. É deixar o passado para trás e deixar o futuro ser. Coragem é seguir trilhas perigosas. A vida é perigosa. 
...
A pessoa que está viva, realmente viva, sempre enfrentará o desconhecido. O perigo está presente, mas ela assumirá o risco. O coração está sempre pronto para enfrentar riscos; o coração é um jogador. A cabeça é um homem de negócios. Ela sempre calcula, ela é astuta. O coração nunca calcula nada.

Osho

25 de junho de 2015

Nha cretcheu, meu amor, O nosso encontro vai tornar a nossa vida mais bonita por mais trinta anos. Pela minha parte, volto mais novo e cheio de força. Eu gostava de te oferecer 100.000 cigarros, uma dúzia de vestidos daqueles mais modernos, um automóvel, uma casinha de lava que tu tanto querias, um ramalhete de flores de quatro tostões. Mas antes de todas as coisas bebe uma garrafa de vinho do bom, e pensa em mim. Aqui o trabalho nunca pára. Agora somos mais de cem. Anteontem, no meu aniversário foi altura de um longo pensamento para ti. A carta que te levaram chegou bem? Não tive resposta tua. Fico à espera. Todos os dias, todos os minutos, aprendo umas palavras novas, bonitas, só para nós dois. Mesmo assim à nossa medida, como um pijama de seda fina. Não queres? Só te posso chegar uma carta por mês. Ainda sempre nada da tua mão. Fica para a próxima. Às vezes tenho medo de construir essas paredes. Eu com a picareta e o cimento. E tu, com o teu silêncio. Uma vala tão funda que te empurra para um longo esquecimento. Até dói cá ver estas coisas mas que não queria ver. O teu cabelo tão lindo cai-me das mãos como erva seca. Às vezes perco as forças e julgo que vou esquecer-me. 
Ventura e Pedro Costa, "com três ou quatro coisinhas de Robert Desnos", para o filme "Juventude em Marcha", de Pedro Costa

18 de maio de 2015

"A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil. Ela espalhou por nossas vastas solidões uma grande suavidade; seu contato foi a primeira forma que recebeu a natureza virgem do país e foi a que ele guardou; ela povoou-o como se fosse uma religião natural e viva, com os seus mitos, suas legendas, seus encantamentos; insuflou-lhe sua alma infantil, suas tristezas sem pesar, suas lágrimas sem amargor, seu silêncio sem concentração, suas alegrias sem causa, sua felicidade sem dia seguinte... É ela o suspiro indefinível que exalam ao luar as nossas noites do norte." 
Joaquim Nabuco

10 de maio de 2015

MAPA
Me colaram no tempo, me puseram
uma alma viva e um corpo desconjuntado. Estou
limitado ao norte pelos sentidos, ao sul pelo medo,
a leste pelo Apóstolo São Paulo, a oeste pela minha educação.
Me vejo numa nebulosa, rodando, sou um fluido,
depois chego à consciência da terra, ando como os outros,
me pregam numa cruz, numa única vida.
Colégio. Indignado, me chamam pelo número, detesto a hierarquia.
Me puseram o rótulo de homem, vou rindo, vou andando, aos solavancos.
Danço. Rio e choro, estou aqui, estou ali, desarticulado,
gosto de todos, não gosto de ninguém, batalho com os espíritos do ar,
alguém da terra me faz sinais, não sei mais o que é o bem
nem o mal.
Minha cabeça voou acima da baía, estou suspenso, angustiado, no éter,
tonto de vidas, de cheiros, de movimentos, de pensamentos,
não acredito em nenhuma técnica.
Estou com os meus antepassados, me balanço em arenas espanholas,
é por isso que saio às vezes pra rua combatendo personagens imaginários,
depois estou com os meus tios doidos, às gargalhadas,
na fazenda do interior, olhando os girassóis do jardim.
Estou no outro lado do mundo, daqui a cem anos, levantando populações…
Me desespero porque não posso estar presente a todos os atos da vida.
Onde esconder minha cara? O mundo samba na minha cabeça.
Triângulos, estrelas, noites, mulheres andando,
presságios brotando no ar, diversos pesos e movimentos me chamam a atenção,
o mundo vai mudar a cara,
a morte revelará o sentido verdadeiro das coisas.Andarei no ar.
Estarei em todos os nascimentos e em todas as agonias,
me aninharei nos recantos do corpo da noiva,
na cabeça dos artistas doentes, dos revolucionários.
Tudo transparecerá:
vulcões de ódio, explosões de amor, outras caras aparecerão na terra,
o vento que vem da eternidade suspenderá os passos,
dançarei na luz dos relâmpagos, beijarei sete mulheres,
vibrarei nos cangerês do mar, abraçarei as almas no ar,
me insinuarei nos quatro cantos do mundo.
Almas desesperadas eu vos amo. Almas insatisfeitas, ardentes.
Detesto os que se tapeiam,
os que brincam de cabra-cega com a vida, os homens “práticos”…
Viva São Francisco e vários suicidas e amantes suicidas,
os soldados que perderam a batalha, as mães bem mães,
as fêmeas bem fêmeas, os doidos bem doidos.
Vivam os transfigurados, ou porque eram perfeitos ou porque jejuavam muito…
viva eu, que inauguro no mundo o estado de bagunça transcendente.
Sou a presa do homem que fui há vinte anos passados,
dos amores raros que tive,
vida de planos ardentes, desertos vibrando sob os dedos do amor,
tudo é ritmo do cérebro do poeta. Não me inscrevo em nenhuma teoria,
estou no ar,
na alma dos criminosos, dos amantes desesperados,
no meu quarto modesto da praia de Botafogo,
no pensamento dos homens que movem o mundo,
nem triste nem alegre, chama com dois olhos andando,
sempre
em transformação.
Murilo Mendes

7 de maio de 2015

o amor é irmão do vento.

28 de abril de 2015

"O que não me mata, me deixa mais estranho."

23 de abril de 2015


“Para dores de amor, nada melhor do que leite de magnésia(…). Na maior parte das vezes, os chamados males de amor, etcétera, são distúrbios digestivos, feijões duros que não digerem, peixe estragado, entupimento. Um bom purgante fulmina a loucura do amor.”

do livro “Tia Julia e o Escrevinhador”, de Mario Vargas Llosa

13 de abril de 2015

Al fin y al cabo, somos lo que hacemos para cambiar lo que somos. La identidad no es una pieza de museo, quietecita en la vitrina, sino la siempre asombrosa síntesis de las contradicciones nuestras de cada día.En esa fe, fugitiva, creo.
—  Libro de los abrazos - Eduardo Galeano

7 de abril de 2015

Outono
Se deu sábado pra sexta
Depois da chuva
Vento forte
Outono
Súbito o ar se personificou
A janela bateu
Pé frio
Outono
A lembrança das folhas no chão
A vontade de agasalho
Uma taça de vinho
Outono
Mais uma vez eu estava surpreso
O último tinha sido em março
Sensação de volta
Outono
Nada de cores vivas na rua
Começa o recolhimento
Água quente, chá
Outono
Que tempo cíclico é você?
Desde quando vindo?
Onde é o corte?
Outono
Há quem sem querer não te note
Enquanto não se esgote
Molda-me
Outono
Entre o conforto e o abandono
Massa sem medida
Nuvem amena
Outono

rafael fares

5 de abril de 2015

"Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E embaixo, o pensamento: Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista."

Mestre Pastinha - 05/04/1889 a 13/11/1981

4 de abril de 2015

ontem bateu aqui em casa uma pesquisadora e respondi a dezenas de perguntas sobre o consumo de carne bovina em plena sexta-feira da paixão. será um sinal de que devo virar vegetariano?

3 de abril de 2015



ótimo esse filme que vi hoje no cine humberto mauro. mods, roqueiros the who e anfetaminas

31 de março de 2015

ESTATUTO DO HOMEM
(Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony
Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
o uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.
Thiago de Mello
Santiago do Chile, abril de 1964

27 de março de 2015

Não posso oferecer nada além de tudo que eu possa oferecer.

23 de março de 2015




por um cinema mais humano
sábio colega

17 de março de 2015

22 de janeiro de 2015

https://www.youtube.com/watch?x-yt-ts=1421782837&x-yt-cl=84359240&v=uHUaT2iQ29M

nesse clipe atuei como operador de stadicam

19 de janeiro de 2015

12 de janeiro de 2015

Manifesto Farofa

"A praça é do povo, como o céu é do condor"
Castro Alves

Venho através deste manifesto manifestar.
Há poucos dias, a praia, em forma de Praia da Estação, chegou a Belo Horizonte na Praça da Estação e de uma maneira surpreendente nem todos ficaram contentes. Viva a praia, a praia é de todos!
Viva a praia que nasceu de forma espontânea(ou, digamos, natural) repudiando o decreto que proíbe eventos de qualquer natureza na praça pública da estação. Abaixo a genialidade da prefeitura em conservar a praça, vazia.
Viva a tradicional família mineira! É importante lembrarmos que a praça em questão, a Praça da Estação, teve sua reforma realizada com o apoio, ou melhor com o dinheiro de uma família tradicional mineira.
Viva a visão além do alcance. Uma das integrantes da tal família, uma senhorita, em seu depoimento sobre o fechamento da tal praça afirma que concorda com o fechamento porque vê de seu camarote a depredação da praça, por exemplo, um homem fazendo xixi num monumento. Viva o camarote, os palácios e os feudos!
Saudemos os camarotes nas praças do centro de Belo Horizonte que dão ampla visão aos nossos aristocartas. Coisa chique. Salva de palmas para ela!
Uma aristocrata que se preza tem que ter um camarote e ser muito observadora. Ver os mínimos detalhes.
Senhoras Chiques, gostaria de convidá-las para Paris Plage, a praia feita em plena Paris em frente a prefeitura durante o verão.
Viva a Paris Plage francesa, lá todos os civilizados se sentem a vontade de curtir uma praia em plena praça. Viva o museu do Louvre e o museu de Artes e Ofícios na Praia da Estação!
Lá sim as pessoas são educadas o bastante e não fariam xixi na praça. Mas aqui não. Aqui é um país que não tem verão. Abaixo ao verão e ao efeito estufa!
Quer dizer, pode até ter no Rio de Janeiro ou na Bahia, Belo Horizonte não. Aqui temos hábitos mais moderados, realmente não gostamos de festa. Viva o come quieto! Viva o pão de queijo!
Quanto a depredação, o xixi na rua, vale cantarmos nossa Olinda. "Olinda quero cantar". Em Olinda e em Recife, desfilam milhões de pessoas. Olinda é considerada toda ela, e não só a praça, um patrimônio. Viva o carnaval, a tropicália e Dionísio na pessoa de Zé Celso Martinês!!
E onde será que as pessoas fazem xixi em Olinda? Porque será que todas elas voltam no ano seguinte? Como a cidade não veio a baixo, ou flutuou no mijo alheio? São perguntar que não querem calar.
Agora, todos que estiveram lá garantem: a festa é linda e talvez seja a maior manifestação popular do mundo. Em Belo Horizonte, o que fazem as pessoas? E a prefeitura dita popular? Abaixo as festas populares!
Nesses dias de praia da estação escutei muito que as pessoas que lá estão são farofeiras. Qual é o problema que as pessoas têm com a farofa?
Viva a Farofa, ela é uma delícia, assim como a praia.
Farofa prato brasileiro feito com farinha de mandioca, planta sagrada para nossos indígenas.
Viva a comida prática e fácil de comer com a mão. Será que os aristocratas belorizontinos topariam?
Viva o encontro dos chiques brasileiros com os indígenas e com a farofa. Que todos tenham um objeto indígena interessante na sala de estar, para quando vier um amigo estrangeiro. Viva os povos indígenas brasileiros, a vida a céu aberto e a antropofagia!
Abaixo a melancolia, viva a praia da alegria. Momento único para minha câmeraeye.
Viva as pessoas de todas as idades e espécies numa comunhão praiana. Sou praieiro, sou guerreiro, sou farofeiro, sou brasileiro!
Viva o encontro de pessoas e o desfrutar de uma tarde de sol comendo farofa caseira e com a mão, elas são infindas!
Lutemos por nossos direitos, mas de forma alegre e festiva. Abram alas para a realização dos sonhos, exóticos, paradisíacos e o melhor, que não estejam perdidos no passado. Viva a farofa nossa de cada dia!
Ao invés de proibir, oxalá que nossa prefeitura "compre" a idéia dando estrutura para o evento. Colocando, porque não, banheiros públicos para que as pessoas não necessitem do chão.
Que venham todas as Renatas, as Leilas, as Solanges e Angelas. Mesmo que elas estejam em seus camarotes!
Que elas acenem para o povo, como se estivessem no Copacabana Palace e todos esperassem pela Madona. Viva a cultura Pop e nossos ídolos.
Vivas as prefeituras tem um pé também na Europa, ou outra visão ilusionista qualquer. Que elas comam farofa com a mão, andem descalças, ou simplesmente tomem um banho de mangueira num quintal onde não há um rio ou uma praia potável. Viva os franciscanos e as carmelitas descalças.
Viva uma Belo Horizonte francesa desde a fundação, porém com a mesma rebeldia de quem um dia já cortou a cabeças de seus reis. Viva maio de 68, Viva todas as revoluções!!!

28 de outubro de 2014

selfie de bigode para Dora.

22 de outubro de 2014



Fã de carteirinha do Frito na Hora tive o prazer de gravar essas imagens que transformaram em um lindo vídeo-poema-romance.
Gratidão e vida longa aos Fritos.

16 de outubro de 2014

Alevantar ou levantar

As duas palavras estão corretas e existem na língua portuguesa. Podemos utilizar os verbos alevantar e levantar sempre que quisermos referir o ato de se pôr de pé, erguer, elevar, aumentar a altura ou intensidade, altear, arrebitar, hastear, provocar. O verbo levantar é tido como o mais correto e socialmente aceite, sendo o mais utilizado. A palavra alevantar, embora com um uso mais popular, aparece em dicionários como sendo o mesmo que levantar. 

Os verbos alevantar e levantar têm sua origem na palavra em latim levantare. A palavra alevantar é ainda formada a partir de derivação prefixal, ou seja, é acrescentado um prefixo a uma palavra já existente. Neste caso temos o prefixo a- mais o verbo levantar. 

O prefixo a- significa afastamento ou separação quando de origem grega, mas poderá significar afastamento, separação ou uma aproximação, a realização de um movimento para mais perto, mais junto, quando de origem latina. 

Contudo, na palavra alevantar, este prefixo funciona como um elemento protético, ou seja, um elemento com valor expletivo que não provoca qualquer alteração de sentido, não trazendo nenhuma nova ideia ou significado à palavra mãe. É utilizado apenas como apoio fonético sendo, assim, dispensável. 

Exemplos: 
Tenho que me levantar, mas tenho tanta preguiça! 
Tenho que me alevantar, mas tenho tanta preguiça! 

Levante sua cabeça e não se sinta derrotada. 
Alevante sua cabeça e não se sinta derrotada. 

Seu comportamento suspeito levantou dúvidas sobre suas intenções. 
Seu comportamento suspeito alevantou dúvidas sobre suas intenções. 

Existem, na língua portuguesa, palavras que apresentam mais do que uma grafia correta. A estas palavras chamamos formas gráficas variantes. Embora haja sempre uma forma preferida e mais utilizada pelos falantes, todas as formas são corretas.
Palavras Relacionadas: alevantarlevantar.

3 de outubro de 2014



um dos meus vídeos favoritos.

1 de outubro de 2014

28 de setembro de 2014

Fazer 30 anos
Affonso Romano de Sant'Anna

QUATRO pessoas, num mesmo dia, me dizem que vão fazer 30 anos. E me anunciam isto com uma certa gravidade. Nenhuma está dizendo: vou tomar um sorvete na esquina, ou: vou ali comprar um jornal. Na verdade estão proclamando: vou fazer 30 anos e, por favor, prestem atenção, quero cumplicidade, porque estou no limiar de alguma coisa grave.

Antes dos 30 as coisas são diferentes. Claro que há algumas datas significativas, mas fazer 7, 14, 18 ou 21 é ir numa escalada montanha acima, enquanto fazer 30 anos é chegar no primeiro grande patamar de onde se pode mais agudamente descortinar.

Fazer 40, 50 ou 60 é um outro ritual, uma outra crônica, e um dia eu chego lá. Mas fazer 30 anos é mais que um rito de passagem, é um rito de iniciação, um ato realmente inaugural. Talvez haja quem faça 30 anos aos 25, outros aos 45, e alguns, nunca. Sei que tem gente que não fará jamais 30 anos. Não há como obrigá-los. Não sabem o que perdem os que não querem celebrar os 30 anos. Fazer 30 anos é coisa fina, é começar a provar do néctar dos deuses e descobrir que sabor tem a eternidade. O paladar, o tato, o olfato, a visão e todos os sentidos estão começando a tirar prazeres indizíveis das coisas. Fazer 30 anos, bem poderia dizer Clarice Lispector, é cair em área sagrada.

Até os 30, me dizia um amigo, a gente vai emitindo promissórias. A partir daí é hora de começar a pagar. Mas também se poderia dizer: até essa idade fez-se o aprendizado básico. Cumpriu-se o longo ciclo escolar, que parecia interminável, já se foi do primário ao doutorado. A profissão já deve ter sido escolhida. Já se teve a primeira mesa de trabalho, escritório ou negócio. Já se casou a primeira vez, já se teve o primeiro filho. A vida já se inaugurou em fraldas, fotos, festas, viagens, todo tipo de viagens, até das drogas já retornou quem tinha que retornar.

Quando alguém faz 30 anos, não creiam que seja uma coisa fácil. Não é simplesmente, como num jogo de amarelinha, pular da casa dos 29 para a dos 30 saltitantemente. Fazer 30 anos é cair numa epifania. Fazer 30 anos é como ir à Europa pela primeira vez. Fazer 30 anos é como o mineiro vê pela primeira vez o mar.

Um dia eu fiz 30 anos. Estava ali no estrangeiro, estranho em toda a estranheza do ser, à beira-mar, na Califórnia. Era um homem e seus trinta anos. Mais que isto: um homem e seus trinta amos. Um homem e seus trinta corpos, como os anéis de um tronco, cheio de eus e nós, arborizado, arborizando, ao sol e a sós.

Na verdade, fazer 30 anos não é para qualquer um. Fazer 30 anos é, de repente, descobrir-se no tempo. Antes, vive-se no espaço. Viver no espaço é mais fácil e deslizante. É mais corporal e objetivo. Pode-se patinar e esquiar amplamente.

Mas fazer 30 anos é como sair do espaço e penetrar no tempo. E penetrar no tempo é mister de grande responsabilidade. É descobrir outra dimensão além dos dedos da mão. É como se algo mais denso se tivesse criado sob a couraça da casca. Algo, no entanto, mais tênue que uma membrana. Algo como um centro, às vezes móvel, é verdade, mas um centro de dor colorido. Algo mais que uma nebulosa, algo assim pulsante que se entreabrisse em sementes.

Aos 30 já se aprendeu os limites da ilha, já se sabe de onde sopram os tufões e, como o náufrago que se salva, é hora de se autocartografar. Já se sabe que um tempo em nós destila, que no tempo nos deslocamos, que no tempo a gente se dilui e se dilema. Fazer 30 anos é como uma pedra que já não precisa exibir preciosidade, porque já não cabe em preços. É como a ave que canta, não para se denunciar, senão para amanhecer.

Fazer 30 anos é passar da reta à curva. Fazer 30 anos é passar da quantidade à qualidade. Fazer 30 anos é passar do espaço ao tempo. É quando se operam maravilhas como a um cego em Jericó.

Fazer 30 anos é mais do que chegar ao primeiro grande patamar. É mais que poder olhar pra trás. Chegar aos 30 é hora de se abismar. Por isto é necessário ter asas, e sobre o abismo voar.
(13.10.85)

O texto acima foi extraído do livro "
A Mulher Madura", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1986, pág. 36.


kk, obrigado.

23 de setembro de 2014

BELO HORIZONTE
[1]
Um dia vou aprender a partir
vou partir
como quem fica
[2]
Um dia vou aprender a ficar
vou ficar
como quem parte
----------------------------------------------
mais uma delicadeza poética do livro
“Da Arte das Armadilhas", da
Ana Martins Marques

16 de setembro de 2014

 “é em sexo, morte e Deus, que eu penso invariavelmente, todo dia”.
Adélia Prado

10 de setembro de 2014



dos idos de 2008
"Escrever é que é o verdadeiro prazer; ser lido é um prazer superficial".

Virginia Woolf

7 de setembro de 2014



todos os dias sinto saudades do Dominguinhos.

4 de setembro de 2014

RUA DE MÃO ÚNICA from Katásia Filmes on Vimeo.


Cinthia Marcelle e Tiago Mata Machado, 2013, 8’40’
O caráter destrutivo não vê nada de duradouro. Mas eis precisamente por que vê caminhos por toda parte. Onde outros esbarram em muros ou montanhas, também aí ele vê um caminho. Já que o vê por toda parte, tem de desobstruí-lo também por toda parte. Nem sempre com brutalidade, às vezes com refinamento. Já que vê caminhos por toda parte, está sempre na encruzilhada. Nenhum momento é capaz de saber o que o próximo traz. O que existe ele converte em ruínas, não por causa das ruínas, mas por causa do caminho que passa através delas. (Walter Benjamin)
Produzido por Katásia Filmes e 88 Filmes
Fotografia: Bernard Machado

27 de agosto de 2014

para uma nova gramática:
imagine um sentimento água. um sentimento árvore.
uma agonia vidro. uma emoção céu. uma espera pedra.
um amor manga. um colorido vento sul. um jeito casa
de ser. uma forma líquida de pensar. uma vida paredes.
uma existência mar. uma solidão cordilheira. uma
alegria pássaro em chuva fina. uma perda corpo.
acho que hoje acordei semente. tenho andado muito temporal. minha irmã vive um momento tudo. a vida às vezes transborda pelos poros. me atinge um estado livro. aurora em meus joelhos. tem pessoas ponte. algumas carregam a gravidade nas costas. já conheci gente buraco negro. eu amo o instante limo. tem um branco em mim. a vida me urca. sofro de saudade anônima. palavras me beijam a boca
(poema do livro Pensamento Chão)

23 de agosto de 2014




redenção pelo pagode.

17 de agosto de 2014

14 de julho de 2014

"Não me prendo a nada que me defina.
Sou companhia, mas posso ser solidão.
Tranqüilidade e inconstância, pedra e coração.
Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono.
Música alta e silêncio. 
Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser.
Não me limito, não sou cruel comigo!
Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer...
Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato.
Ou toca, ou não toca."
Clarice Lispector

13 de julho de 2014

Quem inventou o amor teve certamente inclinações musicais.

2 de julho de 2014




lady laura

milho verde - MG | julho de 2013

1 de julho de 2014



canção da despedida

13 de junho de 2014

Oi,
Você não precisa se extremar urgentemente
Nem generalizar sua opinião como quem funda um partido próprio a todo e qualquer custo.
Se sua ideologia não está fundamentada, sua opinião pode inclusive estar em formação, você tem este direito.
Urgentemente (enquanto você declara alguns óbvios absurdos)
Você precisa estudar o surfe ao invés de surfar por aí irresponsavelmente.


13 hrs · 

2 de junho de 2014