29 de maio de 2016

Não deixa a força da moleza te pegar.






"Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem o perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.”

(Riobaldo em Grande Sertão: Veredas)

"... quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem mesmo eu compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa, sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade... sei lá de quê!"
FLORBELA ESPANCA

26 de maio de 2016

24 de maio de 2016

Cão

cao-1_xl.jpegEm diversas mitologias, o cão está associado aos impérios subterrâneos e invisíveis e possui um significado simbólico relacionado à morte e ao inferno. Mas o cão também é símbolo de lealdade, pois é guardião e protetor, tanto na vida quanto na morte. O cão guia o homem na escuridão da noite da morte, fazendo um papel de intercessor entre os mundos.
Assim, o simbolismo do cachorro carrega ambivalências, pois por um lado ele benéfico - é o companheiro mais fiel do homem, que desempenha o papel de guarda e vigia da sua morada; por outro lado, o cão é maléfico e tem o seu significado aproximado ao do lobo, sendo um animal impuro e diabólico.
Várias são as figuras mitológicas, como Cérbero, Anúbis e Hermes, representadas por um cão e que serviram de guia das almas ao longo de toda a história da cultura ocidental. 
O cão também representa um guardião. Na iconografia egípcia, o cão é o guardião das portas sagradas, e tem como missão aprisionar e destruir os inimigos da luz. A relação entre o cão e o inferno é recorrente em diferentes culturas, seja como um visitante, um mensageiro, ou um guardião. 
Nas antigas tradições mexicanas, o cão era criado durante a vida especialmente para companhar e guiar o seu dono no mundo dos mortos. Era comum sacrificar os cães e sepultá-los junto com os seus donos, para que os ajudassem a fazer a longa viagem até a morada eterna dos mortos. Por isso, de modo frequente, o cão tem um simbolismo noturno, mas também diurno.
Em muitas mitologias ancestrais, o cão também aparece associado ao fogo, como aquele que roubou o segredo do fogo ou descobriu-o e revelou aos humanos. O simbolismo do cão representa um conhecimento da vida humana e do além vida, por isso muitas vezes ele é também associado a imagem de um herói civilizador, um conquistador do fogo, o que fortalece o seu simbolismo também com um teor sexual e libidinoso. 
A voracidade canina associa-se à voracidade sexual do homem, em sua força instintiva. Assim, o cão frequentemente aparece associado ao fogo e à sexualidade, como um símbolo de potência sexual
.

22 de maio de 2016



Tanta coisa acontece. Não falo mais de distância, nem de saudade, essas coisas são novas pra mim, porque já não são como achava que fossem, aqui tudo é mais, muito mais outras, e diversas, e sempre mutantes, formas diárias reorganizadas de como saber da distância, sentir saudade e ter esperança. Um lugar virtual que parece com a casa e que é dentro da gente. Tem sido muita casa. Até o porto-seguro balança. Se voltar fosse o caso, não era destino certo. O corpo f(r)atura múltiplas experiências de autogerência e sinto inclusive saudades dessas multi-eus que pode ser que tenham passado desapercebidamente, perdidas em casas ainda inexploradas. Aqui, e quando digo aqui é além-lugar o que se deve imaginar, tudo não tem lugar fixo. Tenho comigo uma câmera que me é parceira desde dois mil e seis, olho pra ela, o olho nela, vejo através do objeto mais antigo que dou conta nessa companhia de seres novos que tenho ao lado, e não a reconheço, não reconheço o que vejo. Penso no Rio. Penso em Minas. Penso pelo menos em centoessessenta pessoas que eu poderia nomear agora, incluídas algumas repetições do que venho sendo. Penso em mim. Distância é dentro da gente. Saudade paralaxe.

Raquel Versieux
cair
caio
caminho
cairei
caímos
caem
caminharei

no meio do mato saiu um cachorro
e ele tinha um ímpeto
derrubar
misturar nossas tintas
minha pele
o maior órgão do meu corpo
e a terra
o pó da estrada

ganhei marcas pelo corpo
nas mãos braços joelhos e abdômen


eu estava mesmo precisando de uns rabiscos
tatuagens
à mão livre

marcou por fora e por dentro

claro como o dia
real como aquele cão que veio e sumiu
e me lembrou umas coisas


estou aqui
sou dessa terra
resisto
sou feito de terra couro e tambores
só tenho meus irmãos e meus amores

estou vivo
e grato por isso  








19 de maio de 2016


"Vislumbro um mundo no qual todos seremos clandestinos


Deleuze

pixo logo existo


pixo logo existo

resisto

te quero

logo

14 de maio de 2016

11 de maio de 2016

moto contínuo

10 de maio de 2016


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desayuno de campeones

valisas - uruguay

por luiza
TARDE DE MAIO
Como esses primitivos que carregam por toda parte o maxilar inferior de
seus mortos,
assim te levo comigo, tarde de maio,
quando, ao rubor dos incêndios que consumiam a terra,
outra chama, não-perceptível, e tão mais devastadora,
surdamente lavrava sob meus traços cômicos,
e uma a uma, disjecta membra, deixava ainda palpitantes
e condenadas, no solo ardente, porções de minh’alma
nunca antes nem nunca mais aferidas em sua nobreza sem fruto.
Mas os primitivos imploram à relíquia saúde e chuva,
colheita, fim do inimigo, não sei que portentos.
Eu nada te peço a ti, tarde de maio,
senão que continues, no tempo e fora dele, irreversível,
sinal de derrota que se vai consumindo a ponto de
converter-se em sinal de beleza no rosto de alguém
que, precisamente, volve o rosto, e passa…
Outono é a estação em que ocorrem tais crises,
e em maio, tantas vezes, morremos.
Para renascer, eu sei, numa fictícia primavera,
já então espectrais sob o aveludado da casca,
trazendo na sombra a aderência das resinas fúnebres
com que nos ungiram, e nas vestes a poeira do carro
fúnebre, tarde de maio, em que desaparecemos,
sem que ninguém, o amor inclusive, pusesse reparo.
E os que o vissem não saberiam dizer: se era um préstito
lutuoso, arrastado, poeirento, ou um desfile carnavalesco.
Nem houve testemunha.
Não há nunca testemunhas. Há desatentos. Curiosos, muitos.
Quem reconhece o drama, quando se precipita sem máscaras?
Se morro de amor, todos o ignoram
e negam. O próprio amor se desconhece e maltrata.
O próprio amor se esconde, ao jeito dos bichos caçados;
não está certo de ser amor, há tanto lavou a memória
das impurezas de barro e folha em que repousava. E resta,
perdida no ar, por que melhor se conserve,
uma particular tristeza, a imprimir seu selo nas nuvens.
Drummond

9 de maio de 2016

amor em partes

reparto meu amor em fotogramas
em trechos trastes tons e gamas

monto
cavo 

espaço 
corto  

meço
curo

tempo
colo

parto e reparto

volto pra onde(?) 

vou como quem volta
daqui de onde nunca saí


penso numa melodia 
e dela me esqueço

revelo as fotos de uma máquina 
sem filme
sem lente
sem foco

diafragmo
deixo a luz entrar
e ela queima

e meus sais
de prata revelam grãos

faço um filme como quem faz sopa
pico tempero meto tudo
na panela

tampo e o tempo cozinha 
o fogo transforma

lacunas em nacos
parto
duro

a sensação de estranhamento com a cidade e a nova conjuntura que encontrei aqui persiste. na verdade sou outra
pessoa. quando se atravessa um rio nunca que a gente chega do outro lado onde pensava.
sempre um pouco mais abaixo. e assim sou um exilado. estou na minha própria terra. reaprendo todos os dias a gostar
das coisas que já nem sabia que gostava. e gosto de gostar de coisas novas. e fico em silêncio.
pego um onibus azul ou vermelho. caminho sob a chuva fina.

você está em mim. mora em mim. e me visita logo ao acordar todas as manhãs. e vai. ao cair da tarde se senta ao meu lado
e fica calada. me olha, saca um livro e os óculos lê algumas páginas. à noite se deita ao meu lado. me abraça por trás
e respira perto das minhas costas, me aquece. se vira e eu adormeço.
 
num sonho me acende o fogo. mostra o que eu quero ver. dá o que eu quero ter.


desculpa a minha falta de jeito

3 de maio de 2016

tem horas que eu queria ter uma arma
uma bomba
um rifle bem calibrado

pra fazer justiça
entregar a minha vida
e matar uns filhos da puta
que operam no estado
e outras instituições que deveriam nos proteger

acho que nasci na época errada
hoje ninguém pega em arma
violência tá com nada
e só a polícia bate, prende, sequestra

quanto será que cobra um pistoleiro pra matar o cunha?

bora fazer uma vaquinha?