30 de junho de 2009
26 de junho de 2009

de noite na cama eu fico pensando
pensando sobre a relação do corpo com a câmera e me fotografando. sobre os filmes que quero fazer e ainda não fiz. sobre como vou fazer pra pagar as contas mês que vem. sobre amar o amor. sobre o cuidado que devo ter com o que desejo. sobre o tempo. depois eu fecho o olho pra ver se durmo.
24 de junho de 2009
23 de junho de 2009
o homem e a camera - comolli
É sobretudo, o fato de ser uma máquina que faz do cinema a arte por excelência das relações subjetivas.
18 de junho de 2009
13 de junho de 2009
6 de junho de 2009
e como li
há uma diferença entre aquilo que o cineasta ou o operador de câmera vê e aquilo que é filmado. Essa diferença tem nome: cinema. Ela tem a ver com o fato inalterável de que a máquina cinematográfica registra, à sua maneira, a cena que se desenvolve diante dela. Inscrição verdadeira: é preciso uma câmera (quero dizer: todo aparelho maquínico que a acompanha, inclusive a película) e um ou vários corpos, uma ou várias coisas, uma ou várias luzes, para que haja registro. Mas esse registro é uma tradução do mundo da experiência sensível na linguagem de uma máquina. Primeira variação: a câmera substitui nosso olhar binocular por um olhar monocular. Além do mais esse olho único da objetiva não funciona como o nosso, ele obedece às leis da ótica de manneira bem mais rígida (é uma máquina). Segunda variação, esta de peso: esse olhar ciclópico é enquadrado. O quadro evidentemente limita o campo de visão. Fabrica o in e o off, articulação fundamental do cinema (mais que da fotografia, que tembém é enquadrada, pelo fato de que o registro do movimento dramatiza o quadro). Dessa maneira, o quadro dá acesso a uma escrituda do visível e do invisível. Emfim, terceira variação, a menos perceptível, a mais denegada, a gravação é não apenas descontínua, mas também regularmente medida: 24 ou 25 fotogramas por segundo. Toda coisa filmada passa por uma peneira de espaço, tempo e medida que a transforma.
jean-louis comolli
ver e poder
editora ufmg, 2008
p. 233
jean-louis comolli
ver e poder
editora ufmg, 2008
p. 233
3 de junho de 2009
2 de junho de 2009
Vela No Breu
Assovia quando bebe
Canta quando espanta
Mal olhado, azar e febre
Sonha colorido
Adivinha em preto e branco
Anda bem vestido
De cartola e de tamanco
Dorme com cachorro
Com um gato e um cavaquinho
Dizem lá no morro
Que fala com passarinho
Desde pequenino
Chora rindo
Olha pra nada
Diz que o céu é lindo
Na boca da madrugada
Sabe medicina
Aprendeu com sua avó
Analfabetina
Que domina como só
Plantas e outros ramos
Da flora medicinal
Com 108 anos
Nunca entrou num hospital
Joga capoeira
Nunca brigou com ninguém
Xepa lá na feira
Divide com quem não tem
Faz tudo o que sente
Nada do que tem é seu
Vive do presente
Acende a vela no breu
31 de maio de 2009
As estátuas também morrem
ver e poder
eles me fazem redescobrir essa evidência esquecida de que o cinema é, antes de tudo, uma arte física. Como a ginástica, o boxe, a dança ou o combate amoroso.
jean-louis comolli
jean-louis comolli
26 de maio de 2009
audio
minha mãe sempre dizia
minino tome juízo
mulher é muito bom
mas também dá prejuízo
eu num vo na sua casa
pra você não ir na minha
você tem a boca grande
pra comer minhas galinhas, camaradin...
yê maior é deus
pequeno sou eu
minino tome juízo
mulher é muito bom
mas também dá prejuízo
eu num vo na sua casa
pra você não ir na minha
você tem a boca grande
pra comer minhas galinhas, camaradin...
yê maior é deus
pequeno sou eu
24 de maio de 2009
22 de abril de 2009
14 de março de 2009
do grande sertão veredas
...Ah, tem uma repetição que sempre outras vezes em minha vida acontece. Eu atravesso as coisas - e no meio da travessia não vejo! - só estava era entretido na idéia da saída e da chagada. Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar em outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso do que em primeiro se pansou. Viver nem num é muito perigoso?...
13 de março de 2009
12 de março de 2009
convite triste
Meu amigo, vamos sofrer,
vamos beber, vamos ler jornal,
vamos dizer que a vida é ruim,
meu amigo, vamos sofrer.
Vamos fazer um poema
ou qualquer outra besteira,
Fitar por exemplo uma estrela
por muito tempo, muito tempo
e dar um suspiro fundo
ou qualquer outra besteira.
Vamos beber uísque, vamos
beber cerveja preta e barata,
beber, gritar e morrer,
ou, quem sabe? beber, apenas.
Vamos xingar a mulher,
que está envenenando a vida
com seus olhos e suas mãos
e o corpo que tem dois seios
e tem um embigo também.
Meu amigo, vamos xingar
o corpo e tudo que é dele
e que nunca será alma.
Meu amigo, vamos cantar,
vamos chorar de mansinho
e ouvir muita vitrola,
depois embriagados vamos
beber mais outros seqüestros
(o olhar obsceno e a mão idiota)
depois vomitar e cair
e dormir.
Carlos Drummond de Andrade
vamos beber, vamos ler jornal,
vamos dizer que a vida é ruim,
meu amigo, vamos sofrer.
Vamos fazer um poema
ou qualquer outra besteira,
Fitar por exemplo uma estrela
por muito tempo, muito tempo
e dar um suspiro fundo
ou qualquer outra besteira.
Vamos beber uísque, vamos
beber cerveja preta e barata,
beber, gritar e morrer,
ou, quem sabe? beber, apenas.
Vamos xingar a mulher,
que está envenenando a vida
com seus olhos e suas mãos
e o corpo que tem dois seios
e tem um embigo também.
Meu amigo, vamos xingar
o corpo e tudo que é dele
e que nunca será alma.
Meu amigo, vamos cantar,
vamos chorar de mansinho
e ouvir muita vitrola,
depois embriagados vamos
beber mais outros seqüestros
(o olhar obsceno e a mão idiota)
depois vomitar e cair
e dormir.
Carlos Drummond de Andrade
15 de fevereiro de 2009
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