22 de maio de 2016



Tanta coisa acontece. Não falo mais de distância, nem de saudade, essas coisas são novas pra mim, porque já não são como achava que fossem, aqui tudo é mais, muito mais outras, e diversas, e sempre mutantes, formas diárias reorganizadas de como saber da distância, sentir saudade e ter esperança. Um lugar virtual que parece com a casa e que é dentro da gente. Tem sido muita casa. Até o porto-seguro balança. Se voltar fosse o caso, não era destino certo. O corpo f(r)atura múltiplas experiências de autogerência e sinto inclusive saudades dessas multi-eus que pode ser que tenham passado desapercebidamente, perdidas em casas ainda inexploradas. Aqui, e quando digo aqui é além-lugar o que se deve imaginar, tudo não tem lugar fixo. Tenho comigo uma câmera que me é parceira desde dois mil e seis, olho pra ela, o olho nela, vejo através do objeto mais antigo que dou conta nessa companhia de seres novos que tenho ao lado, e não a reconheço, não reconheço o que vejo. Penso no Rio. Penso em Minas. Penso pelo menos em centoessessenta pessoas que eu poderia nomear agora, incluídas algumas repetições do que venho sendo. Penso em mim. Distância é dentro da gente. Saudade paralaxe.

Raquel Versieux

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